Josué, filho de Num, é uma figura central na história do povo de Israel, conhecido por sua coragem e fé inabalável.
Nascido na tribo de Efraim e criado no deserto, onde os israelitas
vagavam após a saída do Egito, ele se destacou como um guerreiro leal e
valente, servindo como o braço direito de Moisés.
Este artigo explora a vida de Josué, suas conquistas e a importância de sua liderança na transição de Israel para a Terra Prometida.
A Ascensão de Josué
A ascensão de Josué é marcada pela transição do poder de Moisés
para ele, onde Josué assume o papel de líder dos israelitas. Josué
era o ajudante de Moisés e foi treinado durante os anos no deserto para
se tornar o próximo líder.
Passos da Ascensão de Josué:
1. Escolhido
como líder: A ascensão de Josué começa ainda no período do Êxodo.
Ele foi um dos doze espias enviados por Moisés para explorar a Terra Prometida (Números13:3-16). Dos doze, apenas Josué e Calebe trouxeram um relatório
positivo, demonstrando sua fé e coragem.
2. Designação por Deus: No livro de (Deuteronômio 31:7-8), Moisés, seguindo a ordem de Deus, apresenta Josué diante de todo o povo e o encoraja, dizendo: “Seja forte e corajoso, pois você entrará com este povo na terra que o Senhor jurou dar aos seus antepassados." Isso marcou o momento em que Deus designa Josué como o sucessor de Moisés.
3. Recebe autoridade: Em (Números 27:18-23), Deus ordena a Moisés que imponha as mãos sobre Josué e o apresente perante Eleazar, o sacerdote, e toda a congregação, conferindo-lhe autoridade. Esse ato simbolizava a transferência do poder e da liderança para Josué.
4. Comissionamento
e promessa divina: No início do livro de Josué (Josué 1:1-9),
após a morte de Moisés, Deus fala diretamente a Josué. Ele o
comissiona para liderar o povo de Israel na conquista da Terra
Prometida e promete estar com ele, instruindo-o a ser forte e corajoso
e a seguir a Lei de Moisés fielmente.
A ascensão de Josué é um exemplo de transição de liderança na Bíblia, marcada pela obediência a Deus, coragem e compromisso com a Lei divina. Ele é frequentemente lembrado pela famosa declaração em (Josué24:15): “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”
A Travessia do Jordão
A travessia do rio Jordão é um evento fundamental na liderança de Josué
e marca a entrada dos israelitas na Terra Prometida. Essa passagem simboliza
uma nova etapa para o povo de Israel após os anos de peregrinação no deserto. O
relato da travessia é encontrado no livro de (Josué 3: 4).
Contexto da Travessia
Após a morte de Moisés, Josué assumiu a liderança e
preparou o povo para cruzar o Jordão. Deus deu instruções
específicas para a travessia, demonstrando que Ele continuava a guiar e
proteger Israel.
Passos da Travessia
1. Instruções
Divinas: Deus orientou Josué a liderar o povo e disse que ele
deveria seguir a arca da aliança carregada pelos sacerdotes levitas.
A arca representava a presença de Deus entre eles. Josué então
anunciou ao povo que Deus faria maravilhas entre eles (Josué 3:5).
2. O Rio em Cheia: O relato menciona que o rio Jordão estava transbordando por causa do derretimento da neve do Monte Hermon e das chuvas da primavera. Cruzar o rio em tais condições seria impossível sem intervenção divina (Josué3:15).
3. O Milagre da Travessia: Conforme instruído por Deus, os sacerdotes que carregavam a arca da aliança entraram nas águas do Jordão. Assim que os pés dos sacerdotes tocaram as águas, o rio parou de fluir e as águas formaram uma barreira a montante, deixando um caminho seco para os israelitas cruzarem (Josué 3:13-16).
4. A Travessia: Todo o povo de Israel atravessou o rio em terreno seco, enquanto os sacerdotes com a arca permaneciam no meio do rio até que todos tivessem passado. Esse milagre foi semelhante à travessia do Mar Vermelho, destacando a continuidade da presença e do poder de Deus com o povo de Israel (Josué 3:17).
5. As Doze
Pedras: Após a travessia, Deus instruiu Josué a escolher doze homens,
um de cada tribo, para pegar doze pedras do meio do Jordão, do local
onde os sacerdotes ficaram. Essas pedras foram usadas para erguer um memorial
em Gilgal, a fim de que as futuras gerações se lembrassem do milagre
realizado por Deus ao permitir a travessia do Jordão (Josué4:1-9, 4:20-24).
Significado da Travessia
A travessia do Jordão representa a fidelidade de Deus à Sua promessa de dar a Terra Prometida aos descendentes de Abraão. Ela também serviu como um sinal para o povo de que Deus estava com Josué assim como estivera com Moisés, validando a liderança de Josué perante Israel. Este evento foi um símbolo da entrada em uma nova fase na história de Israel, deixando para trás o deserto e começando a conquistar a terra que lhes havia sido prometida.
Conquista de Jericó
A conquista de Jericó é um dos eventos mais conhecidos
do Antigo Testamento, demonstrando a obediência de Josué e do
povo de Israel às instruções de Deus e a intervenção divina em
suas batalhas. A história da queda de Jericó está registrada em (Josué6).
Contexto da Conquista
Após a travessia do rio Jordão, Jericó foi a primeira
cidade fortificada encontrada pelos israelitas na Terra Prometida.
Jericó tinha grandes muralhas e era considerada impenetrável. A
conquista desta cidade seria crucial para avançar na ocupação da terra de
Canaã.
Instruções Divinas
Deus deu a Josué um plano detalhado e incomum para conquistar a
cidade, destacando que a vitória viria do poder de Deus e não da força
militar:
1. Marcha ao redor da cidade: Deus ordenou que o povo marchasse ao redor da cidade uma vez por dia durante seis dias. Sete sacerdotes deveriam carregar trombetas feitas de chifres de carneiro (shofares) e marchar à frente da arca da aliança. O povo deveria seguir em silêncio durante esses dias (Josué 6:3-4).
2. O sétimo dia: No sétimo dia, eles deveriam marchar ao redor da cidade sete vezes. No final da sétima volta, os sacerdotes deveriam tocar as trombetas, e Josué ordenaria ao povo que gritasse. Essa seria a sinalização para a intervenção de Deus (Josué 6:4-5).
A Queda das Muralhas
No sétimo dia, após marcharem ao redor da cidade sete vezes, os sacerdotes
tocaram as trombetas e o povo gritou em alta voz conforme Josué
havia instruído. Nesse momento, as muralhas de Jericó caíram
milagrosamente, permitindo que os israelitas entrassem na cidade e a
conquistassem (Josué 6:15-20).
A Destruição da Cidade
Conforme a ordem de Deus, Jericó e todos os seus
habitantes foram destruídos como uma oferta de "destruição total"
(herem) ao Senhor. Entretanto, Raabe, a prostituta que havia
escondido os espiões enviados por Josué anteriormente, e toda a sua
família foram poupados, conforme a promessa feita a ela por sua ajuda (Josué6:22-25).
Significado da Conquista
A queda de Jericó foi um testemunho do poder e da fidelidade de Deus e da importância da obediência do povo de Israel. A estratégia incomum dada por Deus, de marchar ao redor da cidade e derrubar as muralhas com um grito, ressaltou que a vitória não dependia da força militar de Israel, mas da intervenção divina. Isso serviu para fortalecer a fé dos israelitas e amedrontar os habitantes de Canaã, abrindo caminho para as conquistas subsequentes na terra prometida.
A Derrota em Ai
Após a vitória milagrosa em Jericó, os israelitas enfrentaram um
inesperado revés na cidade de Ai. A derrota em Ai está relatada
em (Josué 7) e serve como um alerta sobre os perigos da desobediência a
Deus e da falta de santidade entre o povo.
Contexto da Derrota
Após a conquista de Jericó, Deus ordenou que tudo na
cidade fosse consagrado a Ele e destruído. Apenas Raabe e sua família foram
poupados, e os objetos de ouro, prata e metais preciosos deveriam ser
colocados no tesouro do Senhor (Josué 6:17-19). No entanto, um
homem chamado Acã, da tribo de Judá, desobedeceu a esta ordem,
roubando alguns dos itens consagrados.
A Confiança Excessiva
Ignorando o pecado cometido por Acã, Josué enviou espiões para
observar a próxima cidade, Ai. Os espiões relataram que Ai era
pequena e não exigiria todo o exército de Israel para ser conquistada.
Com base nesse relatório, Josué enviou apenas cerca de três mil homens
para atacar a cidade (Josué 7:2-4).
A Derrota
Para surpresa dos israelitas, os soldados de Ai resistiram
e derrotaram as tropas de Israel, matando cerca de 36 homens e
fazendo o restante fugir em pânico (Josué 7:4-5). Esta derrota causou
grande desânimo no acampamento israelita. Josué e os líderes
rasgaram suas vestes e se prostraram diante da arca do Senhor, buscando
uma explicação para a inesperada derrota (Josué 7:6-9).
A Razão da Derrota
Deus revelou a Josué que a derrota ocorreu porque Israel havia
pecado. Alguém havia roubado itens consagrados a Deus, e esse ato
trouxe desobediência e impureza ao acampamento. Deus declarou que
enquanto o pecado não fosse tratado, Ele não estaria com o povo em suas
batalhas (Josué 7:10-12).
Descobrindo o Pecado de Acã
Josué seguiu as instruções divinas para identificar o culpado. Por
meio de um processo de seleção, a tribo de Judá, a família de Zera, e
finalmente Acã, foram apontados como responsáveis. Acã então
confessou seu pecado: ele havia roubado um manto babilônico, 200 peças de prata
e uma barra de ouro. Esses itens estavam escondidos em sua tenda (Josué7:16-21).
A Purificação do Acampamento
Como resultado, Josué ordenou que Acã, sua família, e tudo o que
lhe pertencia fossem levados ao vale de Acor. Lá, eles foram apedrejados
e queimados, removendo assim o pecado do meio do povo de Israel (Josué7:24-26). Após esse ato, Deus removeu Sua ira, e Israel estava
novamente preparado para enfrentar Ai.
Lições da Derrota
1. Obediência
é Fundamental: A derrota em Ai mostrou que a
desobediência a Deus e a quebra do pacto trazem consequências graves,
afetando todo o povo.
2. O Pecado
Oculto: O pecado de uma pessoa (Acã) trouxe consequências para toda a
nação, demonstrando a importância da santidade coletiva.
3. Restauração
após o Arrependimento: Depois de lidar com o pecado, Deus perdoou
Israel e os guiou à vitória em sua segunda tentativa de conquistar Ai
(Josué 8).
A derrota em Ai serviu como um lembrete poderoso de que o sucesso de Israel dependia da fidelidade à aliança com Deus e da obediência às Suas ordens.
A Renovação da Aliança
A renovação da aliança entre Deus e o povo de Israel ocorreu
após a vitória sobre a cidade de Ai, como um momento de reafirmação do
compromisso de Israel em seguir a Lei de Deus. Esse evento é
registrado em (Josué 8:30-35) e simboliza a obediência e a dedicação dos israelitas
ao pacto feito com Deus.
Contexto da Renovação
Após a derrota em Ai devido ao pecado de Acã e a subsequente vitória quando o pecado foi removido, Josué liderou os israelitas em um ato de renovação da aliança. Eles se dirigiram ao monte Ebal e ao monte Gerizim, locais de importância histórica e espiritual, pois foi ali que Moisés havia instruído o povo a renovar a aliança quando entrassem na Terra Prometida (Deuteronômio 27-28).
O Processo de Renovação
1. Construção
do Altar: Josué construiu um altar ao Senhor no monte Ebal,
conforme as instruções dadas por Moisés. Ele o fez com pedras brutas,
sem utilizar ferramentas de ferro, em obediência à Lei. Sobre este altar,
ofereceram holocaustos e sacrifícios pacíficos ao Senhor (Josué8:30-31).
2. Escrita
da Lei: Em seguida, Josué escreveu nas pedras uma cópia da Lei de
Moisés. Este ato simbolizava a centralidade da Lei divina na vida do povo
de Israel e servia como um lembrete constante do compromisso que eles
tinham com Deus (Josué 8:32).
3. Leitura
da Lei: Todo o povo de Israel, incluindo mulheres, crianças e
estrangeiros residentes, se reuniu diante dos dois montes, Ebal e Gerizim.
Conforme instruções de Moisés, Josué leu em voz alta todas as
palavras da Lei, incluindo as bênçãos para a obediência e as maldições para a
desobediência (Josué 8:33-35).
o
Metade do povo se posicionou em frente ao monte Gerizim
para ouvir as bênçãos, e a outra metade diante do monte Ebal para ouvir
as maldições, simbolizando o pacto entre Deus e Israel.
Significado da Renovação
A renovação da aliança em Ebal e Gerizim foi um
momento crucial para Israel. Aqui estão algumas lições e significados
desse ato:
1. Reafirmação
do Compromisso: Este evento foi uma reafirmação do compromisso de
Israel com Deus, especialmente após o pecado e a derrota em Ai.
Eles reconheceram a necessidade de seguir a Lei de Deus fielmente para
ter sucesso na Terra Prometida.
2. Unidade
do Povo: A presença de todo o povo, incluindo mulheres, crianças e
estrangeiros, destacou a unidade e a inclusão de todos no pacto com Deus.
3. A
Importância da Lei: Ao ler a Lei em voz alta, Josué ressaltou
que as palavras de Deus deveriam ser conhecidas e obedecidas por todo o
povo. A escrita da Lei nas pedras servia como um lembrete físico da aliança que
tinham com Deus.
4. Bênçãos e
Maldições: O ato de proclamar as bênçãos e maldições reforçava a
ideia de que a obediência traria prosperidade e proteção, enquanto a
desobediência traria consequências negativas. Isso funcionava como um
guia para a conduta do povo em sua nova terra.
A renovação da aliança no monte Ebal foi um ato de obediência e consagração, marcando o início de uma nova fase para Israel na Terra Prometida. Ela serviu para renovar o compromisso do povo com a Lei de Deus e reafirmar que o sucesso deles dependeria de sua fidelidade a esse pacto.
Os Gibeonitas e a Estratégia Militar
A história dos gibeonitas e sua aliança com Israel é
relatada em (Josué 9) e é seguida por uma grande estratégia militar em (Josué10). Esse episódio destaca tanto a astúcia dos gibeonitas quanto a
importância da consulta a Deus antes de tomar decisões, além de
demonstrar a liderança de Josué em uma campanha militar que resultou em
vitórias importantes para Israel.
Os Gibeonitas e o Engano
1. Medo dos
Gibeonitas: Após as vitórias de Israel sobre Jericó e Ai, os
habitantes de Canaã ficaram aterrorizados. Os gibeonitas, que
viviam em uma das cidades próximas, decidiram enganar os israelitas para
evitar a destruição. Eles sabiam que Deus havia ordenado a Israel
que destruísse os povos de Canaã.
2. A Farsa: Os gibeonitas
usaram uma estratégia astuta para fazer um acordo de paz com Israel.
Eles se vestiram com roupas velhas, sandálias gastas e trouxeram pão seco e
bolorento, fingindo ser viajantes de uma terra distante. Ao chegar ao acampamento
israelita em Gilgal, disseram a Josué e aos líderes de
Israel que vinham de uma região muito distante e pediram um tratado de paz (Josué9:4-6).
3. O Tratado: Josué
e os líderes de Israel examinaram o pão velho e as roupas gastas dos gibeonitas
e acreditaram em sua história. Sem consultar a Deus, eles fizeram um
acordo de paz e juraram poupá-los (Josué 9:14-15).
4. A Verdade
Descoberta: Três dias depois, os israelitas descobriram que os gibeonitas
eram, na verdade, vizinhos, vivendo em Canaã. Apesar de se sentirem
enganados, os líderes israelitas mantiveram o acordo porque haviam
jurado em nome do Senhor. Josué então os designou como servos
para cortar lenha e tirar água para a congregação e o altar do Senhor (Josué9:16-27).
A Estratégia Militar e a Defesa dos Gibeonitas
1. Aliança
Comprovada: Quando as outras cidades cananeias souberam que Gibeão havia
feito paz com Israel, formaram uma coalizão para atacar Gibeão. Os gibeonitas
enviaram mensageiros a Josué, pedindo ajuda. Apesar do engano anterior, Josué
cumpriu a aliança e marchou com o exército de Israel para defender Gibeão
(Josué 10:6-7).
2. A Batalha: Em
resposta à fidelidade de Josué, Deus disse a ele: "Não
temas, porque eu os entreguei nas tuas mãos; nenhum deles te poderá
resistir" (Josué 10:8). Os israelitas marcharam durante a noite e surpreenderam
os exércitos cananeus. Deus interveio na batalha, lançando pedras de
granizo sobre os inimigos, matando mais do que os próprios israelitas (Josué10:10-11).
3. O Sol
Detido: Durante a batalha, Josué pediu a Deus que o sol e a lua
ficassem parados para que os israelitas pudessem completar a vitória. Deus
atendeu à oração de Josué, e o sol ficou imóvel no céu quase um dia
inteiro, permitindo que Israel derrotasse completamente seus inimigos (Josué10:12-14). Este foi um milagre sem precedentes, mostrando a intervenção
direta de Deus em favor de Israel.
4. Vitória
Completa: Após a batalha, Josué e os israelitas continuaram sua campanha,
conquistando as cidades que haviam participado da coalizão contra Gibeão.
Essa vitória solidificou o domínio israelita na região central de Canaã
(Josué 10:15-43).
Lições do Episódio dos Gibeonitas e da Estratégia Militar
1. A
Importância da Consulta a Deus: Josué e os líderes foram
enganados porque não consultaram a Deus antes de fazer um acordo com os gibeonitas.
Isso destaca a necessidade de buscar orientação divina em todas as decisões.
2. Fidelidade
aos Compromissos: Mesmo após descobrir o engano, Josué manteve a
aliança com os gibeonitas, mostrando a importância de cumprir os
compromissos, especialmente quando feitos em nome do Senhor.
3. Intervenção
Divina: A batalha para defender os gibeonitas revelou o poder de
Deus em lutar pelo Seu povo, evidenciado pelos milagres das pedras de
granizo e do sol parado. Isso reforçou o domínio de Israel na Terra
Prometida e a certeza de que Deus estava com eles.
A história dos gibeonitas e a subsequente campanha militar foram momentos cruciais na conquista de Canaã, demonstrando tanto as fraquezas humanas quanto o poder e a graça de Deus.
A Batalha Contra os Reis Amorreus
A batalha contra os reis amorreus é um evento marcante na conquista da
Terra Prometida por Israel, destacando tanto a intervenção divina quanto a
liderança de Josué. Esta batalha, descrita em Josué 10:1-27, mostra o
poder de Deus e a estratégia militar de Josué ao lidar com uma coalizão de reis
cananeus.
Contexto da Batalha
Após o engano dos gibeonitas e a aliança de paz firmada com Israel
(Josué 9), os reis amorreus ficaram temerosos. O rei
Adoni-Zedeque de Jerusalém, ao saber que Gibeão – uma cidade
poderosa – havia se aliado aos israelitas, organizou uma coalizão de cinco
reis amorreus para atacar Gibeão. Estes reis eram:
- Adoni-Zedeque,
rei de Jerusalém
- Hoão, rei
de Hebrom
- Pirão,
rei de Jarmute
- Jafia, rei
de Laquis
- Debir,
rei de Eglom
Pedido de Ajuda dos Gibeonitas
Os gibeonitas, temendo pela destruição, enviaram uma mensagem
urgente a Josué, que estava em Gilgal, pedindo ajuda. Apesar do
engano anterior cometido pelos gibeonitas, Josué honrou o pacto e
prontamente reuniu os guerreiros israelitas para socorrer Gibeão (Josué10:6-7).
Intervenção Divina e Estratégia Militar
1. Deus
Encoraja Josué: Antes da batalha, Deus falou a Josué: “Não
os temas, porque os entreguei nas tuas mãos; nenhum deles te poderá resistir” (Josué10:8). Essa promessa deu a Josué a certeza da vitória, pois Deus
estava com eles.
2. Ataque
Surpresa: Josué marchou a noite inteira de Gilgal até Gibeão, realizando
um ataque surpresa ao amanhecer contra os reis amorreus e seus exércitos
(Josué 10:9). Este movimento estratégico pegou os inimigos
desprevenidos, causando confusão e pânico entre eles.
3. O Milagre
do Granizo: Durante a batalha, Deus interveio enviando uma tempestade de
granizo que caiu sobre os inimigos enquanto eles fugiam. A Bíblia
registra que mais amorreus foram mortos pelas pedras de granizo do que
pelas espadas dos israelitas (Josué 10:11).
4. O Sol e a Lua Parados: Um dos eventos mais extraordinários dessa batalha foi o milagre em que Josué pediu a Deus para que o sol e a lua parassem. Josué disse: “Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom” (Josué 10:12). Deus atendeu à oração de Josué, e o sol parou no céu por quase um dia inteiro, dando tempo para Israel alcançar uma vitória completa (Josué 10:13-14). Este evento único mostrou a soberania de Deus sobre toda a criação.
A Derrota dos Reis
Após a intervenção divina, os israelitas perseguiram os exércitos
amorreus e os derrotaram completamente. Os cinco reis fugiram e se
esconderam em uma caverna em Maquedá. Josué ordenou que a caverna
fosse selada com pedras e guardada enquanto os israelitas continuavam a
perseguir e derrotar os inimigos (Josué 10:16-19).
Posteriormente, Josué mandou que os reis fossem trazidos da
caverna. Os líderes do exército de Israel pisaram no pescoço dos reis,
um gesto simbólico de total domínio sobre os inimigos. Josué então
executou os reis e pendurou seus corpos em árvores até a noite, reafirmando o juízo
de Deus sobre eles. Ao final do dia, os corpos foram colocados de volta na
caverna, e a entrada foi selada (Josué 10:22-27).
Significado da Batalha
1. A
Fidelidade de Deus: A batalha contra os reis amorreus foi mais
uma prova da fidelidade de Deus ao Seu povo. Deus não apenas garantiu a vitória
a Josué, mas interveio de forma sobrenatural, usando granizo e parando o
movimento do sol e da lua.
2. Poder da
Oração: O pedido de Josué para que o sol e a lua parassem mostra o poder
da oração quando feita com fé e em conformidade com a vontade de Deus.
3. A
Estratégia e a Obediência: Josué demonstrou uma combinação de estratégia
militar e obediência às instruções divinas, características fundamentais para o
sucesso de Israel na conquista da Terra Prometida.
Esta batalha marcou uma virada importante na campanha de conquista de Canaã, deixando as nações restantes ainda mais temerosas diante do poder do Deus de Israel e da liderança de Josué.
A Conquista Final e a Distribuição da Terra
A conquista final e a distribuição da terra são os estágios finais do cumprimento da promessa de Deus a Abraão de dar a Terra de Canaã aos seus descendentes. Estes eventos, relatados em (Josué 11-23), representam tanto o término das campanhas militares de Israel quanto a organização das tribos na nova terra. Josué liderou essas etapas com obediência e sabedoria, estabelecendo as bases para a futura vida das tribos em Canaã.
A Conquista Final de Canaã
1. Conquistas no Norte de Canaã: Após a vitória sobre os reis amorreus no sul, Josué liderou Israel em uma campanha militar contra os reinos do norte de Canaã, descrita em (Josué 11). O rei Jabim de Hazor formou uma poderosa aliança com vários outros reis para resistir a Israel.
Essa
coalizão, composta por muitos guerreiros e carros de guerra, se reuniu nas
águas de Merom para enfrentar os israelitas.
o Estratégia e Vitória: Deus instruiu Josué a não temer os inimigos, prometendo que eles seriam entregues nas mãos de Israel. Josué então lançou um ataque surpresa contra a coalizão, conforme Deus havia ordenado.
O exército israelita
derrotou os reis do norte e queimou a cidade de Hazor, a mais
poderosa dessas cidades. A vitória sobre Hazor e os reinos do norte
completou a conquista militar de Canaã (Josué 11:6-15).
2. Resumo das Conquistas: O livro de Josué resume as campanhas militares de Israel, destacando que Josué levou muito tempo para subjugar a terra (Josué 11:18). As conquistas incluíram uma extensa área que se estendia do Negebe ao sul até as montanhas do Líbano ao norte.
No entanto,
algumas regiões, especialmente aquelas habitadas pelos filisteus e outros
povos, permaneceram inexploradas ou parcialmente conquistadas. O trabalho de
erradicar todos os inimigos deveria continuar sob a responsabilidade das tribos
em seus respectivos territórios (Josué 13:1-6).
3. Descanso
da Guerra: Após essas campanhas, a terra teve descanso da guerra (Josué 11:23).
Isso marcou o final da liderança militar ativa de Josué e o início da
distribuição da terra entre as tribos de Israel.
A Distribuição da Terra
1. Terras
para as Tribos: Em (Josué 13: 8-33), a terra de Canaã foi
dividida entre as doze tribos de Israel, conforme a instrução de Deus a Moisés.
Josué, juntamente com o sacerdote Eleazar e os chefes das tribos, fez a
distribuição das terras por meio de sorteio. As tribos de Rúben, Gade e metade
da tribo de Manassés receberam suas porções a leste do rio Jordão, conforme já
havia sido acordado com Moisés.
2. As Tribos
na Terra Prometida: As outras tribos receberam suas terras na parte
ocidental de Canaã. Algumas observações importantes sobre essa distribuição
incluem:
o
Judá: Recebeu uma vasta área no sul.
o
Efraim e a outra metade de Manassés:
Receberam suas terras no centro de Canaã.
o
Benjamim, Dã, Issacar, Zebulom, Aser, Naftali, e
Simeão: Receberam porções de terra em várias regiões de Canaã.
3. Território
de Levi: A tribo de Levi não recebeu uma porção de terra, pois sua herança era
o serviço ao Senhor. Em vez disso, os levitas receberam cidades para habitar e
pastos para seus animais distribuídos em todas as tribos, permitindo que eles
servissem como sacerdotes e mestres da Lei em todo o Israel (Josué 21).
4. Cidades de Refúgio e Cidades dos Levitas: Josué estabeleceu cidades de refúgio, conforme ordenado por Deus a Moisés.
Essas cidades eram locais para onde pessoas que cometiam homicídios acidentais podiam fugir e obter proteção contra a vingança de sangue (Josué 20). Além disso, foram designadas 48 cidades para os levitas, distribuídas entre as tribos (Josué 21).
O Último Discurso de Josué e a Renovação da Aliança
1. Último Discurso de Josué: Já em idade avançada, Josué convocou todas as tribos de Israel e fez um discurso final. Ele lembrou o povo das grandes obras de Deus e das vitórias conquistadas.
Josué os exortou a
permanecer fiéis à aliança com Deus, a abandonar quaisquer deuses estrangeiros
e a obedecer aos mandamentos de Deus para continuarem a prosperar na terra.
2. Renovação da Aliança em Siquém: Josué conduziu o povo em uma cerimônia de renovação da aliança em Siquém. Ele desafiou o povo a escolher a quem serviriam: os deuses dos amorreus ou o Senhor.
Josué proclamou sua escolha:
“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:15). O povo
respondeu com compromisso, declarando que serviria ao Senhor. Assim, Josué
reafirmou a aliança, registrou-a em um livro e ergueu uma grande pedra como
testemunho do pacto (Josué 24:25-27).
Encerramento da Conquista
A distribuição da terra e a renovação da aliança encerraram a missão
de Josué. Ele liderou o povo a tomar posse da terra prometida e a se estabelecerem
conforme a vontade de Deus. Josué morreu em uma idade avançada, e
seu legado de obediência e liderança permaneceu como um exemplo para as
gerações futuras.
Significado da Conquista e Distribuição
1. Cumprimento
da Promessa: A distribuição da terra entre as tribos foi o
cumprimento da promessa feita por Deus a Abraão, Isaque e Jacó.
2. Fidelidade
de Deus: A conquista de Canaã mostrou a fidelidade de Deus em
cumprir Suas promessas e a importância da obediência à Sua Lei para a
prosperidade do povo.
3. Responsabilidade
das Tribos: A distribuição da terra também colocou sobre cada tribo a
responsabilidade de manter a aliança com Deus e continuar a eliminar a
presença pagã de suas porções, assegurando a santidade da terra.
Com a conquista e distribuição da terra concluídas, Israel começou uma nova fase de sua história, vivendo como um povo unido sob o pacto estabelecido com Deus.
O Legado de Josué
O legado de Josué é um dos mais significativos da história de Israel.
Ele foi o sucessor de Moisés e conduziu o povo hebreu à conquista da Terra
Prometida, tornando-se um exemplo duradouro de liderança, coragem e fé.
Sua vida e ações, registradas no livro de Josué, deixaram lições que
influenciaram gerações futuras e continuam a ser uma fonte de inspiração.
1. Liderança e Obediência
Desde o início, Josué demonstrou um profundo compromisso com Deus
e uma disposição para obedecer a todas as Suas instruções. Ele foi escolhido
por Deus para liderar Israel na sequência de Moisés, e
seu primeiro grande desafio foi atravessar o rio Jordão para começar a
conquista da Terra Prometida.
- Obediência à Lei: Josué seguiu cuidadosamente as instruções de Deus. A vitória sobre Jericó, por exemplo, foi resultado da obediência a uma estratégia militar incomum, que envolvia marchar ao redor da cidade por sete dias e tocar trombetas. A queda das muralhas de Jericó evidenciou que Josué confiava nas palavras de Deus, mesmo quando os métodos pareciam fora do comum (Josué 6).
- Consulta
a Deus: Josué ensinou ao povo a importância de buscar
a direção divina antes de agir. Embora tivesse seus momentos de falha,
como na aliança feita com os gibeonitas sem consultar a Deus (Josué 9),
Josué demonstrou que o sucesso de Israel dependia diretamente da
fidelidade e do cumprimento das instruções divinas.
2. Coragem e Confiança em Deus
Josué é muitas vezes lembrado por seu espírito corajoso e pela confiança
inabalável em Deus. Logo no início do seu ministério, Deus o encorajou dizendo:
"Sê forte e corajoso" (Josué 1:9). Essa coragem foi crucial
para liderar o povo de Israel em batalhas contra povos poderosos e bem armados.
- Estratégia Militar: Josué foi um estrategista militar habilidoso, conquistando cidades fortificadas e reinos em toda a região de Canaã. Sua liderança eficaz conduziu Israel à vitória sobre diversos inimigos, como na batalha contra os reis amorreus, quando Deus fez o sol e a lua pararem para garantir a vitória do Seu povo (Josué 10).
- Dependência
de Deus: Apesar de suas habilidades militares, Josué
sempre reconheceu que as vitórias de Israel eram devido à intervenção
divina. Ele enfatizou ao povo que foi Deus quem lhes deu a terra
prometida, não suas próprias forças (Josué 24:12).
3. Distribuição da Terra e Unidade das Tribos
A distribuição da terra foi um dos legados mais duradouros de Josué. Ele
cumpriu fielmente o que Deus havia prometido a Abraão, entregando a terra às
doze tribos de Israel.
- Estabelecimento das Tribos: Por meio da distribuição da terra, Josué deu a cada tribo um lugar específico para viver, trabalhar e adorar a Deus. Essa ação criou as bases para o futuro estabelecimento de Israel como uma nação.
- Cidades de Refúgio: Josué também estabeleceu cidades de refúgio, conforme a Lei de Moisés, para proteger aqueles que cometiam homicídios não intencionais, mostrando o compromisso com a justiça e a misericórdia (Josué 20).
- Ele também distribuiu cidades para os levitas, reforçando o papel
central do culto e da adoração a Deus em toda a terra de Israel (Josué 21).
4. Renovação da Aliança e Chamado à Fidelidade
No final de sua vida, Josué convocou todo o povo de Israel para renovar
sua aliança com Deus. Em seu discurso em Siquém, ele relembrou as grandes obras
de Deus, desde a libertação do Egito até a conquista de Canaã, enfatizando a
fidelidade de Deus e a necessidade de Israel permanecer fiel.
- Escolha de Servir a Deus: Josué desafiou o povo a escolher entre servir a Deus ou os deuses dos amorreus. Sua famosa declaração de fidelidade ressoou: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Josué 24:15). Esse chamado à escolha enfatizou que a prosperidade futura de Israel dependia de sua lealdade a Deus.
- Compromisso
do Povo: Os israelitas renovaram sua aliança,
prometendo seguir a Deus. Josué registrou o pacto em um livro e erigiu uma
grande pedra como testemunho do compromisso do povo, para que não
esquecessem de suas promessas (Josué 24:25-27).
5. Exemplo para as Gerações Futuras
Josué morreu com a consciência de ter cumprido a missão que Deus lhe
confiou. Sua liderança e vida de obediência deixaram um impacto duradouro:
- Símbolo de Fidelidade: Josué tornou-se um símbolo da fidelidade a Deus. Sua vida mostrou que a obediência à vontade divina e a coragem para agir segundo a direção de Deus são fundamentais para o sucesso espiritual e material.
- Influência
Nacional: A influência de Josué foi tão grande que
enquanto ele viveu, e mesmo após sua morte, a geração que o acompanhou
continuou a servir ao Senhor (Josué 24:31). Isso é um testemunho do
respeito e do impacto de sua liderança.
Resumo do Legado de Josué
O legado de Josué pode ser resumido em algumas palavras-chave: obediência, coragem, liderança, fé e fidelidade a Deus. Ele foi um líder que confiou plenamente nas promessas divinas e executou os mandamentos do Senhor com determinação.
Através da conquista de Canaã, da distribuição da terra, da renovação da aliança e do exemplo de sua vida, Josué deixou uma marca indelével na história de Israel.
Seu compromisso em servir ao Senhor e seu
chamado para que outros fizessem o mesmo ecoam nas Escrituras como um modelo de
vida para todos os que buscam caminhar com Deus.
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